terça-feira, 9 de novembro de 2010

115 anos dos Raios X (08/11/10)


Vamos comemorar, mais um ano da grande descoberta que revolucionou a área médica de radiodiagnóstico, a descoberta dos raios-x. Era 1895, época de muita pesquisa, ciência e muitos descobrimentos que revolucionariam a humanidade. E mais um estava por acontecer: como de praxe, no dia 8 de novembro daquele ano, Wilhelm Conrad Roentgen, um físico alemão, estava em seu laboratório fazendo experiências com feixes de elétrons em tubos de vácuo, quando notou que uma chapa contendo platinocianeto de bário gerava uma fosforência em uma tela de papelão preto para onde ele direcionava os raios, mesmo longe dela.  Após vários testes, ele começou a perceber que os raios refletiam algumas estruturas dos objetos que ele colocava em frente à tela. Duas semanas depois, tirou uma radiografia da mão de sua esposa, Anna Bertha Ludwig e publicou seus estudos, batizando esse raio de “Raio X“. O “x” vem da incógnita da matemática, por se tratar, então, de um raio desconhecido. Por conta de sua descoberta, Roentgen obteve um diploma honorário de medicina da Universidade de Würzburg e o Prêmio Nobel de Física de 1901. Roentgen morreria de câncer no intestino em 1923, mas argumenta-se que isso não teve relação com suas pesquisas, já que ele era um dos primeiros cientistas daquela época a tomar cuidado com a radiação. O raio -X tem amplo uso em várias atividades humanas, principalmente na medicina. E não é só na produção de radiografias não. O raio- X é também a base das tomografias computadorizadas, uma tecnologia que permite visualização tridimensional das estruturas internas dos corpos e que tanto ajuda nos diagnósticos. E ainda é usada na radioterapia, para combater células tumorais, assim como na indústria.
Turma de Radiologia de Santo Antonio do Monte-MG


quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Radioterapia




A radioterapia é um método capaz de destruir células tumorais, empregando feixe de radiações ionizantes. Uma dose pré-calculada de radiação é aplicada, em um determinado tempo, a um volume de tecido que engloba o tumor, buscando erradicar todas as células tumorais, com o menor dano possível às células normais circunvizinhas, à custa das quais se fará a regeneração da área irradiada.
As radiações ionizantes são eletromagnéticas ou corpusculares e carregam energia. Ao interagirem com os tecidos, dão origem a elétrons rápidos que ionizam o meio e criam efeitos químicos como a hidrólise da água e a ruptura das cadeias de ADN. A morte celular pode ocorrer então por variados mecanismos, desde a inativação de sistemas vitais para a célula até sua incapacidade de reprodução.

A resposta dos tecidos às radiações depende de diversos fatores, tais como a sensibilidade do tumor à radiação, sua localização e oxigenação, assim como a qualidade e a quantidade da radiação e o tempo total em que ela é administrada.

Para que o efeito biológico atinja maior número de células neoplásicas e a tolerância dos tecidos normais seja respeitada, a dose total de radiação a ser administrada é habitualmente fracionada em doses diárias iguais, quando se usa a terapia externa.


Radiossensibilidade e radiocurabilidade
A velocidade da regressão tumoral representa o grau de sensibilidade que o tumor apresenta às radiações. Depende fundamentalmente da sua origem celular, do seu grau de diferenciação, da oxigenação e da forma clínica de apresentação. A maioria dos tumores radiossensíveis são radiocuráveis. Entretanto, alguns se disseminam independentemente do controle local; outros apresentam sensibilidade tão próxima à dos tecidos normais, que esta impede a aplicação da dose de erradicação. A curabilidade local só é atingida quando a dose de radiação aplicada é letal para todas as células tumorais, mas não ultrapassa a tolerância dos tecidos normais. 


Indicações da radioterapia
Como a radioterapia é um método de tratamento local e/ou regional, pode ser indicada de forma exclusiva ou associada aos outros métodos terapêuticos. Em combinação com a cirurgia, poderá ser pré-, per- ou pós-operatória. Também pode ser indicada antes, durante ou logo após a quimioterapia.

A radioterapia pode ser radical (ou curativa), quando se busca a cura total do tumor; remissiva, quando o objetivo é apenas a redução tumoral; profilática, quando se trata a doença em fase subclínica, isto é, não há volume tumoral presente, mas possíveis células neoplásicas dispersas; paliativa, quando se busca a remissão de sintomas tais como dor intensa, sangramento e compressão de órgãos; e ablativa, quando se administra a radiação para suprimir a função de um órgão, como, por exemplo, o ovário, para se obter a castração actínica.


Fontes de energia e suas aplicações 
São várias as fontes de energia utilizadas na radioterapia. Há aparelhos que geram radiação a partir da energia elétrica, liberando raios X e elétrons, ou a partir de fontes de isótopo radioativo, como, por exemplo, pastilhas de cobalto, as quais geram raios gama. Esses aparelhos são usados como fontes externas, mantendo distâncias da pele que variam de 1 centímetro a 1 metro (teleterapia). Estas técnicas constituem a radioterapia clínica e se prestam para tratamento de lesões superficiais, semiprofundas ou profundas, dependendo da qualidade da radiação gerada pelo equipamento.

Os isótopos radioativos (cobalto, césio, irídio etc.) ou sais de rádio são utilizados sob a forma de tubos, agulhas, fios, sementes ou placas e geram radiações, habitualmente gama, de diferentes energias, dependendo do elemento radioativo empregado. São aplicados, na maior parte das vezes, de forma intersticial ou intracavitária, constituindo-se na radioterapia cirúrgica, também conhecida por braquiterapia.
No quadro abaixo estão relacionadas as diversas fontes usadas na radioterapia e os seus tipos de radiação gerada, energias e métodos de aplicação.
FonteTipo de radiaçãoEnergiaMétodo de aplicação
ContatoterapiaRaios X (superficial)10 - 60 kVTerapia superficial
RoentgenterapiaRaios X (ortovoltagem)100 - 300 kVTerapia semiprofunda
Unidade de cobaltoRaios gama1,25 MeVTeleterapia profunda
Acelerador linearRaios X de alta energia e elétrons*1,5 - 40 MeVTeleterapia profunda
Isótopos radioativosRaios gama e/ou betaVariável conforme o isótopo utilizadoBraquiterapia
* Os feixes de elétrons, na dependência de sua energia, podem ser utilizados também na terapia superficial

As unidades internacionalmente utilizadas para medir as quantidades de radiação são o röentgen e o gray. O röentgen (R) é a unidade que mede o número de ionizações desencadeadas no ar ambiental pela passagem de uma certa quantidade de radiação. Já o gray expressa a dose de radiação absorvida por qualquer material ou tecido humano. Um gray (Gy) corresponde a 100 centigrays (cGy).


Efeitos adversos da radioterapia
Normalmente, os efeitos das radiações são bem tolerados, desde que sejam respeitados os princípios de dose total de tratamento e a aplicação fracionada.
Os efeitos colaterais podem ser classificados em imediatos e tardios.
Os efeitos imediatos são observados nos tecidos que apresentam maior capacidade proliferativa, como as gônadas, a epiderme, as mucosas dos tratos digestivo, urinário e genital, e a medula óssea. Eles ocorrem somente se estes tecidos estiverem incluídos no campo de irradiação e podem ser potencializados pela administração simultânea de quimioterápicos. Manifestam-se clinicamente por anovulação ou azoospermia, epitelites, mucosites e mielodepressão (leucopenia e plaquetopenia) e devem ser tratados sintomaticamente, pois geralmente são bem tolerados e reversíveis.
Os efeitos tardios são raros e ocorrem quando as doses de tolerância dos tecidos normais são ultrapassadas. Os efeitos tardios manifestam-se por atrofias e fibroses. As alterações de caráter genético e o desenvolvimento de outros tumores malignos são raramente observados.
Todos os tecidos podem ser afetados, em graus variados, pelas radiações. Normalmente, os efeitos se relacionam com a dose total absorvida e com o fracionamento utilizado. A cirurgia e a quimioterapia podem contribuir para o agravamento destes efeitos.